terça-feira, 26 de outubro de 2010

Não é uma Questão de Defesa ou Ataque


Embora considerado por alguns acadêmicos como um otimista, um ponto posso afirmar que concordo muito com Pierre Lévy:
“a internet propõe um espaço de comunicação inclusivo, transparente e universal, que dá margem à renovação profunda das condições da vida pública no sentido de uma liberdade e de uma responsabilidade maior dos cidadãos”.
Em resumo: sou responsável, como internauta, sobre tudo aqui que publico na rede. Ainda mais se essa publicação é republicada e passada a várias, milhares de pessoas.
Acredito que o acesso da população como um todo à internet revoluciona a maneira do jornalismo se comportar. Infelizmente, muitos dos grandes jornais ainda não abriram os olhos a este fato em movimento.
O exemplo mais recente disso tudo é o uso do Twitter na esfera do debate político. Há dias venho acompanhando o que a grande mídia publica e a repercussão dos fatos no Twitter. Militarismos à parte, o Twitter tem, por meio das hashtags, promovido debates e aguçado o senso crítico da sociedade civil.
Se um jornal – televisivo ou não – edita as informações que os telespectadores ou leitores julgam tendenciosas, dá-lhe redes sociais nele. Pronto! Fórmula para promover o debate. Daí começam argumentos, brigas (no bom sentido) de colocação no Trendic Topics no Brasil, inserções de “curtir” no Facebook, quantidades de usuários nas comunidades do Orkut e por aí segue.
São pessoas comuns que acharam uma forma de debater politicamente com pessoas espalhadas pela web. O que antes era promovido nas casas, escolas, reuniões entre amigos, agora é concreto, embora não palpável, na web. As pessoas debatem, argumentam, questionam, defendem. É o cidadão atuando de forma direta no debate político. E há muitos que conseguem fazer a mobilização, o que na minha avaliação é um dos pontos mais difíceis de alcançar quando se trata de rede social.
Enfim, vê-se que as eleições deste pleito para decidir o próximo presidente foi dominado, em boa parte, pelos internautas e realizada pouca interação entre os eleitores viciados na web. Seja das coligações políticas, seja das grandes mídias. Sem partidarismo, a única que conseguiu fazer isso com algum vigor foi a equipe de Marina Silva. Também pudera: era notório que um dos assessores de imprensa dela era um jovem.
Hoje o internauta pode (virtualmente) chamar para a tela os diferentes atores sociais, porta-vozes e diversos representantes de partidos ou grupos de interesses para ouvir as próprias declarações ou examinar os argumentos.


Interagir atualmente está além de enquetes, fóruns ou comentários nas notícias. O leitor quer conversar com o autor da matéria. Quer sugerir outras versões, analisar o que foi ponderado e questionar. É disso que vive, incansavelmente, o profissional de comunicação: da constante apuração de fatos com os mais variados personagens que a compõem.

A grande sacada que os jornais tradicionais ainda não conseguiram captar é que o usuário já tem mecanismos para tornar pública a própria opinião. É preciso utilizar isso como ferramenta de comunicação e interação, e não de defesa ou ataques.

Iêda Fernandes

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